Tinguluve – é a tradução fiel que nos força a determo-nos aos nossos antepassados. O lugar cujo nossos mortos encontram o verdadeiro sentido de existência conjugada aos seus. Todas famílias têm os seus mortos. E é por eles e para eles que a Mhamba – a grande cerimónia se concretiza. No Tinguluve – os nossos antepassados – são membros que ainda permanecem na memória e que exercem uma força colectiva para os vivos. Dai que, como a seguir a uma releitura dada por Jean Marc Ela e Adriano Langa – Leco Nkhululeko, vigia cuidadosamente a noção de Mhamba enquanto processo contextual da tradição de um povo – revestindo-a sob uma reelaboração de um sujeito que se agarra ao seu nativismo telúrico para recuperar a sua própria cultura a partir de um debate levado ao palco. No contínuo esforço consciente de invocar os seus por um combante para se libertarem do «imperialismo clerical», Nkhululeko questiona e interpela-se na recorrente tarefa de recuperar a ancestralidade colectiva de um povo que fora, num certo tempo, negado, subalternizado e espoliado diluíndo sua ontologia e sua visão de mundo. De uma análise amadurecida e crítica à vários aspectos – Mhamba – O Céu também se alimenta de Estelas, é a proposta cáustica que se eleva a patir de uma discussão que concede a ontologia africana um processo dinâmico comparativamente a ocidental que é estática mostrando, desde modo, a mecânica sobre a qual se concretiza – sacrifícios; oferendas e evocação aos deuses como forma de retribuição ou agradecimento. Retórica a pergunta que move este espectáculo? Não sabemos. Mas – eis a questão: O que é Kuphahla MHAMBA, essa oferenda, sacrifício e ritual «sagrado»?.
SOBRE O ARTISTA
Leco Nkhululeko, chegou a este porto mundial, a 23 de Janeiro.
Foi nos jornais onde deu os seus primeiros passos no mundo da poesia. Nkhululeko enveredou pela senda do activismo cultural e social e fê-lo através de concertos performativos, onde declama Moçambique e faz a poesia acontecer no lugar e nas pessoas.
Recebeu distinções do “Prémio Mundial de Poesia Nósside” na Itália, pelos poemas: Sangue de Darfur, 2009, Casa de Ninguém, 2010, África Esperança, 2013. Eutanásia-2014, em Maputo e Mediterrâneo, 2015.
Leco Nkhululeko dedica-se à intervenção literária, em concertos, vomitando Palavras em 2013,
Elogio ao Amor 2014, Crenças 2015, Libertem a Liberdade 2015, Solo Pátrio, 2016, Dumba-Nengue, Mulher da Noite em 2019 e Ku-Txinga em 2020. São marcas do desassossego deste agitador da palavra escrita e vivida.
“Há Gritos no silêncio” publicado em 2011, em Moçambique e em 2013 no Brasil, é a sua estreia em livro.
“Bíblia Lounge” publicado em 2018, em Moçambique e “Céu ou Inferno” sua mais recente obra 2021.
FICHA TÉCNICA
> Leco Nkhululeko – declamação
> Jorge Domingos- guitarra Solo
> Mole Mussoco- bass guitarra
> Helena Rosa- voz
> Mauro X Paulo- piano
> Makunene- tambores
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> Local: Sala Grande
> Bilhetes: 600/500 (Clube Cultural, estudantes e menores de 12 anos)
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